quarta-feira, 31 de março de 2010

Plural das siglas

As siglas fazem o plural mediante o acréscimo simples da desinência -s, sem o emprego do apóstrofo.

Ex.: os DVDs, os IPVAs, as FMs.

Fonte: Sacconi.

Candidato (Cândido/Candura!!!)

Curiosidade

Uma enorme curiosidade entre os radicais está na palavra candidato, que pertence à mesma família de cândido e candura, que dão a ideia de branco, puro (veja você!). É que, na antiga Roma, todo aquele que aspirasse a empregos públicos tinha de vestir uma túnica branca, para demonstrar a sinceridade e a pureza de suas intenções, entre as quais a de não roubar e a de nunca mentir (dizendo, por exemplo, que nada sabia...). Até hoje, todo candidato procura, de fato, mostrar sinceridade e pureza de intenções. O candidato. Depois de eleito, a conversa muda, são outros quinhentos: nem tão cândido nem muito menos tão puro...

Fonte: Sacconi.

terça-feira, 30 de março de 2010

Questão comentada (Concurso)

(Cesgranrio-RJ) Assinale a alternativa em que aparecem dois dífonos:

a) leite, melancia, maximizar
b) retribuímos, ninhada, fax
c) táxi, perspectiva, ninhada
d) inox, xérox, xilogravura
e) enxada, nexo, mexido

_____________
Resposta: D

Dífono: conjunto de dois fonemas representados por uma única letra (ex.: táxi - o x representa o fonema dúplice /ks/.

Alternativa A: apenas maximizar
Alternativa B: apenas fax
Alternativa C: apenas táxi
Alternativa D: inox e xérox
Alternativa E: apenas nexo

Questão comentada (Concurso)

(TRF-SP) Na palavra cadafalso existe:

a) ditongo
b) hiato
c) tritongo
d) encontro consonantal
e) dígrafo


___________
Resposta: D
Ca-da-fal-so: O l e o s formam um encontro consonantal imperfeito (aquele que ocorre entre sílabas).

segunda-feira, 29 de março de 2010

Desafio 1

Identifique a função sintática dos numerais destacados nas frases a seguir:

1. Naquele grupo, éramos dez.

2. Os problemas se multiplicaram por dez.


Desafio 1 (Resposta)

Na primeira frase, o numeral exerce função sintática de predicativo do sujeito; na segunda frase, o numeral é núcleo do objeto indireto.

Fonte: Projeto Araribá.

domingo, 28 de março de 2010

Verdade x Opinião

Nos gêneros argumentativos em geral, o autor sempre tem a intenção de convencer seus interlocutores. Para isso, precisa apresentar bons argumentos que consistem em verdades e opiniões.
Consideram-se verdades tantos as afirmações universalmente aceitas (por exemplo, o fato de a Terra girar em torno do sol, a poluição prejudicar o meio ambiente) quanto dados científicos em geral, como estatísticas, resultados de pesquisas sociais ou de laboratório, entre outras. Já as opiniões são fundamentadas em impressões pessoais do autor do texto e, por isso, são mais fáceis de contestar.
Os bons textos argumentativos geralmente fazem um uso equilibrado dos dois tipos de argumentos.

Fonte: William Cereja e Thereza Cochar.

O real e o imaginado em Dom Casmurro

"Outro problema que surge com frequência na obra de Machado de Assis é o da relação entre o fato real e o fato imaginado...
Um dos seus romances, D. Casmurro, conta a história de Bento Santiago, que, depois da morte de seu maior e mais fiel amigo, Escobar, se convence de que ele fora amante de sua mulher, Capitu, o personagem feminino mais famoso do romancista. A mulher nega, mas Bento junta uma porção de indícios para elaborar a sua convicção, o mais importante dos quais é a própria semelhança de seu filho com o amigo morto.
Como o livro é narrado pelo marido, na primeira pessoa, é preciso convir que só conhecemos a sua visão das coisas, e que para a furiosa 'cristalização' negativa de um ciumento, é possível até encontrar semelhanças inexistentes, ou que são produtos do acaso (como a de Capitu com a mãe de Sancha, mulher de Escobar). Mas o fato é que, dentro do universo machadiano, não importa muito que a convicção de Bento seja falsa ou verdadeira, porque a consequência é exatamente a mesma nos dois casos: imaginária ou real, ela destrói a sua casa e a sua vida. E concluímos que neste romance, como noutras situações da sua obra, o real pode ser o que parece real."
(Antonio Candido)

Fonte: José de Nicola

Os jesuítas no Brasil

"Quaisquer que sejam os méritos especificamente pedagógicos do ensino jesuítico, não há como negar que era mentalmente conservador, reacionário com relação às orientações reformistas da época e anticientífico; estruturalmente, estava condenado por antecipação antes a imobilizar do que a promover o desenvolvimento intelectual do Brasil (simples prolongamento do que então ocorria em Portugal).
(...)
Além disso, é preciso notar que o latim era, no caso, não um instrumento de cultura intelectual, mas um instrumento indireto de catequese, destinando-se, como se destinava, à formação de missionários. É preciso aceitar a ideia de que a catequese, e não a instrução, era o único propósito dos jesuítas e a própria razão de ser das suas atividades. Não vai nessa observação censura alguma, mas apenas o desejo de ver claro num processo que os historiadores têm geralmente desfigurado através de interpretações superficiais. A conquista espiritual do Brasil pelos jesuítas foi, no século XVI, um prolongamento da ideologia medieval; ninguém poderia simbolizá-la melhor, nas perspectivas da história intelectual, do que José de Anchieta."
(Wilson Martins)


Fonte: José de Nicola.

Ficção / Verossimilhança

A palavra ficção vem do latim fictionem e significa "ato ou efeito de fingir, de simular". É o produto da imaginação, da invenção. Podemos classificar uma narrativa de ficção em verossímil ou inverossímil: se a ficção guardar pontos de contato com a realidade, se o evento parecer verdadeiro ou provável, será verossímil; caso contrário, se parecer improvável, absurdo, sem contato com a realidade, será inverossímil.

Fonte: José de Nicola.

sábado, 27 de março de 2010

Questão comentada (Concurso)

(BC) O radical fobia significa medo, aversão. O item em desacordo com esse significado é:

a) hidrofobia = medo da água
b) patofobia = medo de adoecer
c) fotofobia = medo da luz
d) necrofobia = medo de morrer
e) cinofobia = medo de cinema

______________
Resposta: E
Cinofobia = qualidade do cinófobo (que tem medo de cães) - [Do grego kýon, kynós, 'cão'; 'cadela'.]

Ela é O CARA!

Quando me dirijo a uma garota, posso tratá-la também por caras

Pode. Cara, equivalente de indivíduo, sujeito, é nome sobrecomum, ou seja, pode ser dirigido tanto a homem quanto a mulher.

Ex.: Ela é o máximo, é o cara!

Fonte: Sacconi.

Torre do Castelo de Lisboa (Torre do Tombo)

A Torre do Tombo era o arquivo do Reino, onde se guardavam os documentos oficiais. Em 1434, Fernão Lopes foi nomeado cronista-mor desse arquivo, com a função de "poer en caronica as estórias dos reis que en Portugal foram".

É interessante notar que a preocupação com a historiografia, com a documentação, com a própria identidade nacional surgiu exatamente com a nova realidade portuguesa. Nas palavras de Maria Leonor Buescu, essa incumbência dada a Fernão Lopes "responde a uma intenção estrutural, é certo, mas também conjuntural: a de alicerçar e construir os pilares de uma memória coletiva e de uma consciência identificadora. Memória e identidade, fatores indissociáveis e necessários, na laboriosa afirmação do Estado e da Nação".


Fonte: José de Nicola.

À toa / À-toa

À toa: significa sem rumo certo, sem fazer nada, sem motivo. É locução adverbial de modo.

Ex.: Estava à toa caminhando pela praia.


À-toa: significa sem importância, insignificante, desprezível. É locução adjetiva.

Ex.: Eles tiveram uma briguinha à-toa.


Obs.: A locução adjetiva à-toa é invariável.

Ex.: Discussões à-toa. / Problema à-toa.

Fonte: Projeto Araribá.

segunda-feira, 22 de março de 2010

As várias denominações do Barroco

A estética barroca evidencia-se em toda a Europa do século XVII. Em alguns países o estilo barroco, caracterizado por grande afetação e pompa de palavras, recebeu denominações particulares:
  • Gongorismo (Espanha): derivado do nome do poeta Luís de Gôngora y Argote (1561-1627).
  • Marinismo (Itália): pela influência exercida por Gianbattista Marini (1569-1625).
  • Eufuísmo (Inglaterra): derivado do título do romance Euphues, or the anatomy of wit, do escritor John Lyly (1554-1606).
  • Preciosismo (França): pelo culto à forma extremamente rebuscada na corte de Luís XIV, O Rei-Sol. Segundo Manuel Bandeira, nos "salões a galanteria degenerou em afetação, afetação de maneiras e linguagem, que passou a chamar-se preciosismo, mais tarde satirizado por Molière em sua comédia As preciosas ridículas."
  • Silesianismo (Alemanha): por ter caracterizado os escritores da região da Silésia, que originou a Escola Silesiana.
Fonte: José de Nicola.

domingo, 21 de março de 2010

O controle da opinião pública

"O regime de 1937 não se dirigiu apenas aos trabalhadores na construção de sua imagem. Tratou de formar uma ampla opinião pública a seu favor, pela censura aos meios de comunicação e pela elaboração de sua própria versão da fase histórica que o país vivia. (...) Em 1939, o Estado Novo constituiu um verdadeiro ministério da propaganda (o famoso DIP - Departamento de Imprensa e Propaganda), diretamente subordinado ao presidente da República, que escolhia seus principais dirigentes.
O DIP exerceu funções bastante extensas, incluindo cinema, rádio, teatro, imprensa, 'literatura social e política', proibiu a entrada no país de 'publicações nocivas aos interesses brasileiros'; agiu junto à imprensa estrangeira no sentido de se evitar que fossem divulgadas 'informações nocivas ao crédito e à cultura do país'; dirigiu a transmissão diária do programa radiofônico 'Hora do Brasil', que iria atravessar os anos como instrumento de propaganda e de divulgação das obras do governo.
O Estado Novo perseguiu, prendeu, torturou, forçou ao exílio intelectuais e políticos, sobretudo de esquerda e alguns liberais. Mas não adotou uma atitude de perseguições indiscriminadas. Seus dirigentes perceberam a importância de atrair setores letrados a seu serviço: católicos, integralistas, autoritários, esquerdistas disfarçados ocuparam cargos e aceitaram as vantagens que o regime oferecia."
(Boris Fausto)
_________
Nota
Entre os escritores que trabalharam no DIP ou colaboraram com o governo Vargas, podemos citar Cassiano Ricardo, Menotti del Picchia, José Lins do Rego, Plínio Salgado e Vinícius de Moraes (como censor de cinema). O próprio Getúlio, em 1940, foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras.
Fonte: José de Nicola.

Emprego das ASPAS

1. Para indicar o início e o fim de uma citação:

Dizem as escrituras sagradas: "Para tudo há o seu tempo.
Há tempo para nascer e tempo para morrer".
Rubem Alves.

Atenção: Para destacar uma palavra, expressão, frase ou citação dentro de um texto ou citação que já está entre aspas, usam-se as aspas simples (' '): O regulamento é bem claro: "Caso não deseje almoço, o hóspede deve marcar a opção 'sem refeição' no formulário de entrada".


2. Para destacar uma palavra (ou expressão):

O verbo "ficar" vem adquirindo novos significados.


3. Para dar outra conotação a determinada palavra (ou expressão):

Os "anjinhos" já estão prontoss O ônibus escolar chegou.

4. Para marcar o diálogo, em substituição ao travessão:

"Aquela moça da rua Largas", perguntou Marialva.
"Aquela."
Rubem Fonseca.

Fonte: Leila Lauar Sarmento.

Folhetim: o pai da telenovela

Para garantir que o leitor comprasse o jornal no dia seguinte e lesse mais um capítulo do romance, os autores de folhetim valiam-se de certas técnicas, como cortar a narrativa no momento culminante de uma cena ou sequência de cenas. Essa técnica - a mais explorada - pode ser observada até hoje nas telenovelas, herdeiras diretas do romance folhetinesco. Outros ingredientes comuns aos dois tipos de narrativa são o triângulo amoroso, a vitória do bem contra o mal e o final feliz.

Fonte: William Cereja e Thereza Cochar.

sábado, 20 de março de 2010

Grande sertão: veredas

Esta é para pensar

A primeira palavra de Grande sertão é nonada (ninharia, insignificância) e a última é travessia. Depois dessa palavra, o autor desenha o símbolo matemático do infinito [imagem abaixo]. Entre o nada e o infinito, está a travessia do sertão. Tire suas conclusões.





Fonte: William Cereja e Thereza Cochar.

Crase / Casos facultativos

1. Diante de pronomes possessivos femininos no singular:

O menino andava à (a) minha volta sorrindo.
O crítico referia-se à (a) nossa última peça teatral.


2. Diante de substantivos próprios femininos, se houver familiaridade normalmente ocorre a crase; caso contrário, não:

Emprestei à Beth, minha amiga, estes CD's.
O professor fez alusão a Cecília Meireles.


3. Após a locução prepositiva até a:

Correu até à (a) porta da frente e abriu-a.
O cliente dirigiu-se até à (a) sala do médico.
Fonte: Leila Lauar Sarmento.

sexta-feira, 19 de março de 2010

A Epifania na Arte

O termo epifania tem sentido religioso, significando "revelação".


Você já viveu alguma situação em que, ouvindo uma música ou assistindo a um filme ou a uma peça de teatro, tenha se sentido outros Isto é, tenha se sentido mais leve, mais humano ou solidários Isso ocore com certa frequência, pois a arte sempre teve uma função epifânica. O russo Chklovski já dizia que a arte provoca no ser humano um estranhamento em face da realidade. É como se nós nos "desautomatizássemos" e passássemos a ver as coisas com outros olhos.


Fonte: William Cereja e Thereza Cochar.

domingo, 14 de março de 2010

Os Lusíadas

Eis um fragmento do parecer do censor do Santo Ofício, na edição de 1572:

Vi por mandado da santa & geral inquisição estes dez Cantos dos Lusiadas de Luis de Camões [...] e não achey nelles cousa algua escandalosa nem contrária â fe & bõs costumes, somente me pareceo que era necessario aduertir os Lectores que o Autor para encarecer a difficuldade da navegação & entrada dos Portugueses na India, usa de hua fição dos Deoses dos Gentios.



Triângulo amoroso

Machado e Alencar em triângulo amorosos

O escritor Carlos Heitor Cony defende uma tese escandalosa a respeito do debatido adultério de Capitu. "Segundo Cony, a traição do livro é baseada num episódio da vida do próprio Machado. Sua tese é de que o autor de Dom Casmurro cobiçou a mulher de um próximo [...] e com ela gerou um filho, que Cony identificou com as iniciais M. de A. 'Eles tinham a mesma testa, o mesmo cabelo crespo e alguns tiques iguais', escreveu Cony, acrescentando que M. de A. sofria de epilepsia, como Machado." (Veja, 11/8/1999.)

Cony toma como base uma crônica de Humberto Campos. A dúvida agora é saber quem era o escritor M. de A. As iniciais podem levar tanto a Magalhães de Azevedo quanto a Mário de Alencar, filho do romancista José de Alencar. A última hipótese é a mais provável, pois, segundo Humberto Campos, o marido traído tinha as iniciais J. de A. Comprovada essa hipótese, os dois maiores escritores brasileiros do século XIX teriam participado de um triângulo amoroso.



Fonte:William Cereja e Thereza Cochar

Concordância nominal

Os adjetivos mesmo, próprio, anexo, incluso, leso, quite e obrigado concordam com o substantivo ou pronome ao qual se referem em gênero e número:

Os meninos mesmos fizeram as apostas.

Elas próprias costuravam suas roupas.

As explicações estão nas páginas anexas.

São estes os documentos inclusos no processo.

Foi acusado de atos de leso-patriotismo.

Acusaram-no de crime de lesa-pátria.

Estes sócios estão quites com o clube.

- Obrigado! - agradeceu o jovem.

- Muito obrigada! - disse a jovem ao professor.


Atenção:
  • Quando antecedida da preposição em, a palavra anexo fica invariável, pois passa a ser advérbio:
Colocamos os recibos em anexo ao contrato.
  • A palavra mesmo é advérbio quando empregada com o sentido de realmente, de fato; nesse caso não varia:
A recepcionista resolveu mesmo nosso problema.
Os jogadores ficaram na concentração mesmo.

Fonte: Leila Lauar Sarmento.

Defeitos de argumentação

Emprego de noções de totalidade indeterminada

Há afirmações que constituem verdadeiras afrontas a uma reflexão analítica mais cuidadosa:

Todos os políticos são iguais: só querem o poder para encher os próprios bolsos.

O comunismo e o capitalismo, no fundo, são a mesma coisa.

Os países latino-americanos são diferentes em tudo: nos hábitos, nos costumes, na concepção de vida, nos valores, etc.

O uso dessas noções totalizadoras compromete a força argumentativa do texto, pois dá margem a contra-argumentações imediatas. Basta contrapor, por exemplo, que nem todos os países latino-americanos são diferentes ou que não são diferentes em tudo: a Venezuela e a Colômbia, por exemplo, são países que falam o castelhano e ambos receberam a colonização espanhola.

Fonte: Platão & Fiorin.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Dar à luz alguém

Dar à luz alguém


Com o sentido de parir, a expressão correta é dar à luz alguém, e não dar a luz a alguém.

A jovem deu à luz trigêmeos.

Fonte: Leila Lauar Sarmento.

Pablo Picasso

O que é Guernicas

Guernica é uma antiga aldeia da região basca da Espanha, país de origem de Picasso.
Em 1937, a Espanha vivia os efeitos da Guerra Civil, resultado do conflito travado entre duas facções políticas: de um lado, os republicanos; de outro, as forças extremistas de direita lideradas pelo general Franco, apoiado pelo nazismo alemão e pelo fascismo italiano.

Em abril de 1937, com a finalidade única de mostrar força, Franco ordenou que aviões alemães bombardeassem a indefesa cidade de Guernica. Da população de 7 mil habitantes, 1.654 foram mortos e 889 ficaram feridos.
Picasso, indignado com o fato, pintou o quadro Guernica em poucas semanas, denunciando e procurando despertar a opinião pública para a tragédia. Por ordem do pintor, a obra permaneceu em Paris até o fim da ditadura franquista, em 1975. Hoje se encontra em Madrid.



Fonte: William Cereja e Thereza Cochar.

Vieira: odiado por todos

No romance histórico Boca do Inferno, de Ana Miranda, no qual Pe. Antônio Vieira é personagem, a narradora faz referência às inimizades do escritor:

As ideias que Vieira pregava perturbavam o conforto do pensamento. O fanatismo religioso destruia filósofos, como Giordano Bruno; arcebispos, como o de Spalato; cientistas, como Marco Antonio Dominis.

Até mesmo o rei Carlos I da Inglaterra foi levado ao cadafalso pela intolerância religiosa. Mas Antônio Vieira não se atemorizava com tamanho poder e enfrentava a Inquisição a ponto de Cristóvão Soares dizer que ele não morreria na Companhia de Jesus. Mais certo é que acabasse nas mãos do Santo Ofício. Vieira era, então, o homem mais odiado de Portugal. E quanto mais era odiado pela Inquisição, mais a desafiava.


Fonte: William Cereja e Thereza Cochar.

domingo, 7 de março de 2010

A tradição da malandragem

O escritor e crítico Mário de Andrade, em ensaio sobre Memórias de um sargento de milícias, aproximou o protagonista, Leonardinho, da figura do pícaro espanhol, um tipo de malandro simpático e brincalhão, que vive à margem da sociedade, sem nenhum vínculo, sempre à procura de novas aventuras.
No século XX, o próprio Mário de Andrade daria continuidade à tradição da malandragem com sua personagem irreverente Macunaíma, da obra homônima. Mais recentemente, Chico Buarque de Holanda resgata a tradição com a peça teatral Ópera do malandro.

Fonte: William Cereja e Thereza Cochar.

Coerência / Coesão


Pode haver coerência sem coesãos

Sim, há textos que se organizam por justaposição ou com elipses e, mesmo assim, podem ser considerados textos por seus leitores/ouvintes, pois constituem uma unidade de sentido.
Um exemplo clássico de nossa música popular é a canção Águas de março, de Tom Jobim, que se constrói pela justaposição:

É pau, é pedra
É o fim do caminho
É um resto de toco
É um pouco sozinho
É um caco de vidro
É a vida, é o sol
[...]


Fonte: William Cereja e Thereza Cochar.