"O regime de 1937 não se dirigiu apenas aos trabalhadores na construção de sua imagem. Tratou de formar uma ampla opinião pública a seu favor, pela censura aos meios de comunicação e pela elaboração de sua própria versão da fase histórica que o país vivia. (...) Em 1939, o Estado Novo constituiu um verdadeiro ministério da propaganda (o famoso DIP - Departamento de Imprensa e Propaganda), diretamente subordinado ao presidente da República, que escolhia seus principais dirigentes.
O DIP exerceu funções bastante extensas, incluindo cinema, rádio, teatro, imprensa, 'literatura social e política', proibiu a entrada no país de 'publicações nocivas aos interesses brasileiros'; agiu junto à imprensa estrangeira no sentido de se evitar que fossem divulgadas 'informações nocivas ao crédito e à cultura do país'; dirigiu a transmissão diária do programa radiofônico 'Hora do Brasil', que iria atravessar os anos como instrumento de propaganda e de divulgação das obras do governo.
O Estado Novo perseguiu, prendeu, torturou, forçou ao exílio intelectuais e políticos, sobretudo de esquerda e alguns liberais. Mas não adotou uma atitude de perseguições indiscriminadas. Seus dirigentes perceberam a importância de atrair setores letrados a seu serviço: católicos, integralistas, autoritários, esquerdistas disfarçados ocuparam cargos e aceitaram as vantagens que o regime oferecia."
(Boris Fausto)
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Nota
Entre os escritores que trabalharam no DIP ou colaboraram com o governo Vargas, podemos citar Cassiano Ricardo, Menotti del Picchia, José Lins do Rego, Plínio Salgado e Vinícius de Moraes (como censor de cinema). O próprio Getúlio, em 1940, foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras.
Fonte: José de Nicola.