"Quaisquer que sejam os méritos especificamente pedagógicos do ensino jesuítico, não há como negar que era mentalmente conservador, reacionário com relação às orientações reformistas da época e anticientífico; estruturalmente, estava condenado por antecipação antes a imobilizar do que a promover o desenvolvimento intelectual do Brasil (simples prolongamento do que então ocorria em Portugal).
(...)
Além disso, é preciso notar que o latim era, no caso, não um instrumento de cultura intelectual, mas um instrumento indireto de catequese, destinando-se, como se destinava, à formação de missionários. É preciso aceitar a ideia de que a catequese, e não a instrução, era o único propósito dos jesuítas e a própria razão de ser das suas atividades. Não vai nessa observação censura alguma, mas apenas o desejo de ver claro num processo que os historiadores têm geralmente desfigurado através de interpretações superficiais. A conquista espiritual do Brasil pelos jesuítas foi, no século XVI, um prolongamento da ideologia medieval; ninguém poderia simbolizá-la melhor, nas perspectivas da história intelectual, do que José de Anchieta."
(Wilson Martins)
Fonte: José de Nicola.
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