sexta-feira, 30 de abril de 2010

O convencionalismo amoroso árcade

Nos poemas árcades, o poeta não fala dos seus próprios sentimentos. Ele sempre dá voz a um pastor, que confessa seu amor a uma pastora e a convida para aproveitarem a vida em meio à natureza. Tem-se, porém, a impressão de que se trata sempre do mesmo homem e da mesma mulher. Não há variações emocionais de um poema para o outro nem de um poeta para o outro. Isso ocorre devido ao convencionalismo amoroso, isto é, os poetas não estavam preocupados em expressar seus reais sentimentos, mas em seguir o modelo de poesia clássica.

O distanciamento amoroso que havia entre Petrarca e Laura, ou entre Camões e sua amada continua a existir entre o poeta árcade Cláudio Manuel da Costa e sua Nise, entre Tomás Antônio Gonzaga e sua Marília.


Fonte: William Cereja e Thereza Cochar.

Concordância verbal - Sujeito composto

1. Os sujeitos apresentam gradação de ideias = verbo no singular:

Um prefeito, um governador, um presidente, precisa de no mínimo cinco anos de mandato para poder realizar uma boa administração.


2. Os sujeitos são sinônimos ou tomados por sinônimos = verbo no singular:

O rancor e o ódio não conduz a boa coisa.
A coragem e o destemor fez dele um herói.

Fonte: Sacconi.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Lista de exercício - Concordância verbal (I)


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segunda-feira, 26 de abril de 2010

Concordância verbal - Pronomes de tratamento

Quando o sujeito for um pronome de tratamento, embora todos os pronomes desse tipo se refiram à 2ª pessoa, o verbo fica na 3ª pessoa:

Você fez um bom negócio com este imóvel.
As senhoras se responsabilizam por todo o setors

Fonte: Leila Lauar Sarmento.

domingo, 25 de abril de 2010

Concordância - verbos BATER, SOAR e DAR

1. Na indicação das horas, esses verbos concordam com o numeral:

Bateu uma hora no relógio da catedral.
Bateram doze horas no relógio da catedral.
Soavam cinco badaladas na matriz.
Deu uma hora ainda há pouco.

2. Quando o sujeito for determinado, entretanto, esses verbos concordam com esses sujeitos:

O relógio bateu doze badaladas.
Os sinos deram uma hora.

Fonte: Leila Lauar Sarmento.

sábado, 24 de abril de 2010

Menor (de idade)

Nunca se usa a forma de menor, que é incorreta.

Ivan ainda é menor (de idade).

Fonte: Leila Lauar Sarmento.

Palavras sem classe gramatical

Há palavras que não se enquadram em nenhuma classe gramatical. Muitas vezes são confundidas com os advérbios, mas não modificam verbo, adjetivo ou outro advérbio. Recebem o nome de palavras denotativas e podem indicar:

1. Designação - eis.

Eis aqui os recibos dos impostos já pagos.

2. Realce - é que, ainda, lá, só, apenas, mas.

O telejornal é que divulgou a descoberta.
Veja o que vai dizer a ele!

3. Situação - então, afinal, mas, agora.

Então o plano não deu certo, desta vezs
Afinal, quem lhe parece o provável candidatos

4. Inclusão - também, até, mesmo, inclusive.

Ninguém compareceu à aula de reforço, nem mesmo os que mais precisavam.
Até minha avó, de mais de 90 anos, resolveu fazer um passeio.


5. Exclusão - menos, exceto, salvo, fora, apenas, só, senão, sequer.

Apenas numa loja do shopping, encontrei o CD.
Nem sequer informou a data do casamento.

6. Retificação - aliás, ou melhor, isto é, ou seja, melhor dizendo.

Nada sabemos sobre eles, ou melhor, sabemos apenas que viviam sob o mesmo teto.


Fonte: Leila Lauar Sarmento.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Repetir o ano

Deve-se dizer repetir o ano (e não de ano), pois o verbo repetir é transitivo direto.

Seu filho repetiu o anos

Fonte: Leila Lauar Sarmento.

Senão / Se não

Senão: corresponde a caso contrário:

Terminaremos o trabalho, senão não receberemos. [caso contrário]


Se não: equivale a se por acaso não e, nesse caso, inicia orações subordinadas adverbiais condicionais:

Se não quiser acompanhar-me, entenderei. [se por acaso não]

Fonte: Leila Lauar Sarmento.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Canção do exílio: aspectos interessantes

Canção do exílio

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar –sozinho, à noite–
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que disfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

(Gonçalves Dias em Primeiros cantos - 1847)


1. Quanto ao aspecto formal, observe os vários recursos utilizados pelo poeta para obter o ritmo e a musicalidade: os versos são redondilhas maiores (sete sílabas poéticas); a rima oxítona é bem marcada (lá, cá, sabiá).

2. Aurélio Buarque de Holanda fez uma brilhante análise estilística da "Canção do exílio"; entre outros aspectos levantados pelo crítico, está a total ausência de adjetivos qualificativos, apesar de ser um texto de profunda exaltação da pátria.

3. Em 1909, Osório Duarque Estrada venceu um concurso instituído para a escolha da letra do Hino Nacional. Compare a segunda estrofe da "Canção do exílio" com a seguinte passagem do Hino Nacional:

“Teus risonhos, lindos

campos, têm mais flores;

Nossos bosques têm mais vida,

nossa vida no teu seio,

mais amores.”

Fonte: José de Nicola.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Regência - verbo ASSISTIR

1. transitivo direto - socorrer, ajudar, prestar assistência:

A enfermeira assistiu a criança.

2. intransitivo - morar, residir:

O presidente assiste em Brasília.

3. transitivo indireto - ver, presenciar:

Os dois assistiam ao jogo.


Obs: Com essa última transitividade e significado, o verbo não aceita o pronome lhe(s), mas apenas as formas retas ele(s), ela(s), regidas de preposição:

O filme é ótimo; todos querem assistir a ele.

Fonte: Leila Lauar Sarmento.

domingo, 18 de abril de 2010

Caramuru: o homem de fogo

Diogo Álvares Correia, ao naufragar na costa brasileira em 1510, foi aprisionado pelos tupinambás. Certa vez pegou num mosquete e atirou num pássaro, matando-o. Os índios, que não conheciam armas de fogo, ficaram impressionados com a detonação e gritaram Caramuru! Caramuru!, vocábulo que significa "homem de fogo" ou "dragão saído do mar".
Diogo viveu entre os índios tupinambás, na Bahia, no século XVI, e desposou Paraguaçu, ambos personagens do poema Caramuru. De acordo com a lenda, confirmada pela versão de Santa Rita, o náufrago teria sido recuperado por uma nau francesa e, em companhia de Paraguaçu, ido à Corte francesa, de onde posteriormente partiu para Portugal.


Caramuru-Guaçu, 1958

Ernesto Frederico Scheffel (Brasil, RS 1927 –)

Óleo sobre tela, 368 x 197,5 cm

Rio de Janeiro

www.scheffel.com.br


Fonte: William Cereja e Thereza Cochar.

Reforma Ortográfica - Acentuação

Sem o acento:

1. palavras paroxítonas, nas quais as sílabas tônicas são os ditongos abertos ei e oi:


ANTES: paranóico - assembléia - epopéia / AGORA: paranoico - assembleia - epopeia


2. no i e u paroxítonos, antecedidos de um ditongo:

ANTES: feiúra - baiúca / AGORA: feiura - baiuca

Fonte: Guia FMU.

sábado, 17 de abril de 2010

Desafio 4

Leia esta frase:
Mariana tem horror a esta música.


Se o substantivo horror rege a preposição a, e o substantivo música pode ser precedido do artigo a, por que não houve ocorrência de crases

Desafio 4 (Resposta)

Nessa frase, não ocorre crase porque a presença do pronome adjetivo demonstrativo esta eliminou o artigo a, não ocorrendo assim fusão de sons idênticos.

Fonte: Projeto Araribá.

Reforma Ortográfica - HÍFEN

Não se emprega:

1. se o prefixo/pseudoprefixo terminar em vogal e o segundo elemento iniciar por r ou s, devendo essas consoantes ser duplicadas:

contrarregra / antissemita


2. nas palavras em que o primeiro elemento termina em vogal e o segundo elemento começa por vogal diferente.

autoavaliação / infraestrutura

Fonte: Leila Lauar Sarmento.

Encontro consonantal

O encontro consonantal é o agrupamento de consoantes numa palavra.

1. perfeito - consoantes na mesma sílaba:

fla-ne-la / pneu


2. imperfeito - consoantes em sílabas diferentes:

dig-no / rit-mo

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Simbolismo - A arte da sugestão

"O simbolismo representa, por um lado, o resultado final da evolução iniciada pelo romantismo, isto é, pela descoberta da metáfora, célula germinal da poesia e que conduz à riqueza da imaginária impressionista (...). Na realidade, o simbolismo pode considerar-se a reação contra toda a poesia anterior; descobre qualquer coisa que ou nunca se conhecera ou a que nunca até aí se dera relevo: a poesia pura - a poesia que surge do espírito irracional, não conceptual, da linguagem, que é contrária a toda interpretação lógica. (...) Mallarmé afirma que nomear um objeto é destruir três quartos do prazer que reside no adivinha gradual da sua verdadeira natureza."
(Arnold Hauser)

Fonte: José de Nicola.

Vozes verbais

1. voz ativa: o sujeito é agente.

Os australianos usaram o DNA.


2. voz passiva: o sujeito é paciente.

O DNA foi usado pelos australianos.


3. voz reflexiva: o sujeito é agente e paciente.

Lavei-me com água morna.


Fonte: Leila Lauar Sarmento.

Regência - verbo ENSINAR

ENEM?! CONCURSO PÚBLICO?! CONFIRA!



1. intransitivo - doutrinar, pregar:

Júlio ensina na Faculdade.

2. transitivo direto - educar:

Nem todos ensinam as crianças.


3. transitivo direto e indireto - fazer conhecer, dar instrução sobre:

Ensinou os exercícios ao colega.


Fonte: Leila Lauar Sarmento.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Regência nominal - APAIXONADO

1. apaixonado de (entusiasta, aficionado):

Ele é apaixonado de corridas de Fórmula 1.


2. apaixonado por (enamorado):

Ela é apaixonada por um piloto de Fórmula 1.

Fonte: Sacconi.

Regência - verbo ASPIRAR

1. transitivo direto - sorver, inalar, absorver:

Aspirou o perfume da rosa.


2. transitivo indireto - desejar, almejar, ambicionar:

Ele aspirava ao cargo político.


Obs.: Com essa última transitividade e significado, o verbo não aceita o pronome lhe(s), mas apenas as formas retas ele(s), ela(s), regidas de preposição:

A glória, muitos aspiram a ela.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Desafio 3

Justifique o emprego da vírgula entre as orações coordenadas do período:

Ela promete, e não cumpre.

Desafio 3 (Resposta)

Embora o sujeito seja o mesmo nas duas orações, o emprego da vírgula se justifica, pois a conjunção e não tem valor aditivo, mas adversativo.

Fonte: Projeto Araribá.

domingo, 11 de abril de 2010

Heróis de carne e osso

O pesquisador Adelto Gonçalves, em tese de doutoramento defendida na Universidade de São Paulo, prova que nem todos os inconfidentes mineiros eram movidos pelo desejo de liberdade. Havia muitos interesses econômicos por trás do movimento e, além disso, nem todos eram favoráveis à abolição da escravatura.

  • Após vasculhar cerca de 50.000 documentos no Brasil, em Portugal e Moçambique, Adelto Gonçalves traçou um perfil de Gonzaga muito diferente do que aparece nos livros. [...] Degredado para o exterior com o malogro do movimento, Tomás Antônio Gonzaga se envolveu no tráfico de escravos em Moçambique. Não que ele próprio traficasse, mas, uma vez trabalhando como juiz interino da alfândega, facilitava as coisas - provavelmente mediante suborno - para seus amigos contraventores. Por fim, a tese revela uma falsificação. Depois de morto, Gonzaga foi enterrado em Moçambique. No túmulo dele, que é visitado por turistas em Ouro Preto, estão, na verdade, os ossos de seu neto. [...]
  • Teses como essa reforçam a ideia de que a História não é feita apenas por heróis ou facínoras, e sim por gente de carne e osso.
  • (Veja, 21/1/1998.)

Fonte: William Cereja e Thereza Cochar.

Emprego das RETICÊNCIAS

1. Para indicar suspensão de pensamento:

Essa incapacidade de atingir, de entender, é que faz com que eu, por instinto de...

(Clarice Lispector)


2. Para indicar dúvida, surpresa ou hesitação:

- E as obras de Tormess A igreja... já haverá igreja novas

(Eça de Queiroz)


3. Para indicar ironia:

- O Torres virá mesmo desta vezs Até parece...

Fonte: Leila Lauar Sarmento.

Palavra-valise

A palavra-valise é formada tanto na linguagem coloquial, como no padrão culto, pela fusão de duas palavras; no processo, ao menos uma sofre truncamento.


Na capa deste livro um termo chama a atenção: showrnalismo. Trata-se de um acoplamento formado por show e jornalismo, cujo significado é exatamente o subtítulo do livro, "a notícia como espetáculo". Se você reparar bem, a palavra jornalismo, embutida nesta nova palavra, leva-nos a pensar na sua deturpação pelo espetáculo ou sensacionalismo.

Observe mais estes exemplos:
  • portunhol (português e espanhol)
  • showmício (show e comício)
  • bebemorar (beber e comemorar)
  • Flaflu (Flamengo e Fluminense)
Fonte: Leila Lauar Sarmento.

sábado, 10 de abril de 2010

Concordância - verbo SER

O verbo ser fica no singular antes de muito, pouco, demais, nada, tudo, bastante, mais, menos, geralmente quando o sujeito dá ideia de preço, quantidade, peso, medida.


Dez reais é muito por um jornal.

Um é pouco, dois é bom, três é demais.

Mil anos é nada na eternidade.

Fonte: Sacconi

As duas fases do Modernismo

"Creio que é preciso distinguir duas fases no Modernismo brasileiro. Uma primeira fase foi a Semana de Arte Moderna e da revista Klaxon. Estávamos, de fato, nesta primeira fase, muito mais interessados na renovação literária e artística do que em outros assuntos. Foi, vamos dizer, a época polêmica. Mas, em 1923, nosso grupo cindiu-se, literalmente falando. Homens como Mário de Andrade, Guilherme de Almeida, Menotti del Picchia e outros continuaram no seu caminho de literatos. Continuaram a escrever e produzir prosa e poesia. Enquanto outra parte do grupo, que não tinha tanto interesse pela literatura, que fez literatura mais pelo que representava de renovação e de polêmica, tomou outras atitudes. Tanto que, depois de Klaxon, houve uma parada no movimento Modernista. Uma parada que vai até 26, quando se funda outra revista, Terra Roxa e Outras Terras, já com novos aderentes, como Antônio de Alcântara Machado e outros."

(Rubens Borba de Moraes, em depoimento para a edição comemorativa dos 50 anos da Semana da revista Cultura, publicação do Ministério da Educação e Cultura, janeiro/março de 1972)

Fonte: José de Nicola.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Homonímia

A homonímia é a propriedade semântica característica de duas palavras que possuem a mesma grafia ou a mesma pronúncia, mas têm significados distintos.

As palavras homônimas podem ser:

1. perfeitas: quando apresentam som e grafias iguais.

Ex.: rio (subst.) e rio (verbo).


2. homófonas: quando apresentam som igual, mas grafia diferente.

Ex.: acento (sinal gráfico) e assento (banco).


3. homógrafas: quando apresentam grafia igual, mas som diferente.

Ex.: seco (adjetivo) e seco (verbo).

Fonte: Sacconi.