O pesquisador Adelto Gonçalves, em tese de doutoramento defendida na Universidade de São Paulo, prova que nem todos os inconfidentes mineiros eram movidos pelo desejo de liberdade. Havia muitos interesses econômicos por trás do movimento e, além disso, nem todos eram favoráveis à abolição da escravatura.
- Após vasculhar cerca de 50.000 documentos no Brasil, em Portugal e Moçambique, Adelto Gonçalves traçou um perfil de Gonzaga muito diferente do que aparece nos livros. [...] Degredado para o exterior com o malogro do movimento, Tomás Antônio Gonzaga se envolveu no tráfico de escravos em Moçambique. Não que ele próprio traficasse, mas, uma vez trabalhando como juiz interino da alfândega, facilitava as coisas - provavelmente mediante suborno - para seus amigos contraventores. Por fim, a tese revela uma falsificação. Depois de morto, Gonzaga foi enterrado em Moçambique. No túmulo dele, que é visitado por turistas em Ouro Preto, estão, na verdade, os ossos de seu neto. [...]
- Teses como essa reforçam a ideia de que a História não é feita apenas por heróis ou facínoras, e sim por gente de carne e osso.
- (Veja, 21/1/1998.)
Fonte: William Cereja e Thereza Cochar.
Um comentário:
Excelente texto Salim! O autor (Adelto) ajuda no processo de ampliação dos horizontes históricos ao esclarecer a verdade por trás das ações humanas. Ainda mais quando usa provas substanciais que dá luz a um tema de grande importância-como foi o movimento dos inconfidentes- ajudando no processo de interdisciplinaridade entre a História e a Literatura.
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